Dica cultural: Vamos fazer uma capelinha de melão?

Postada em 9 de junho de 2017 as 09:37
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Capelinha de Melão é de São João
É de Cravo é de Rosa é de Manjericão
São João está dormindo
Não acorda não !
Acordai, acordai, acordai, João !

Proscênio

Ao Bahia Notícias (que na falta de coisa melhor é o que tenho lido com mais frequência, na capital baiana), o forrozeiro Adelmario Coelho jogou a responsabilidade de manter as tradições culturais ao poder público. “Uma festa privada vai colocar efetivamente quem está na crista da onda, quem tá lá em cima. Isso é claro. Porém, é privada. É dele. A outra coisa é o gestor público, que tem responsabilidade social e cultural com o Brasil, de repente transfigurar tudo isso. Então, em uma festa junina, você vai lá dançar forró, beber seu licor e comer a espiga, mas tá vendo um gênero musical que não tem relação nenhuma. A responsabilidade é do artista? Não! O gestor é que tem que ser chamado atenção para isso”, frisou.

Primeiro ato

Portanto, não é de se estranhar que num estado e num país que o ócio mais chão e insípido de extração japonesa e americana tenham ‘direito’ até a logística,  tempo de funcionários públicos e espaço em bibliotecas e afins, os cidadãos tenham perdido a referência do que seja a capelinha de melão, que só insiste em existir por causa da felicíssima música de roda.

Quem poderá nos socorrer (ops, fora, TexMex!)? e contar o que é a capelinha de melão? Claro, o maior folclorista nacional, Luis da Câmara Cascudo.

Entreato

Co-incidência ou não, saiu esta semana na Tribuna do Norte, de Natal que a Renúncia Fiscal através da Lei Câmara Cascudo para 2017, mecanismo que troca ICMS de empresas por incentivos fiscais [potiguares, por óbvio] para projetos culturais, foi publicada no sábado (dia 4), no Diário Oficial do RN.

Segundo ato.

O que nos conta o mestre Cascudo?

termo capelinha de melão designa um “grupo de foliões dos festejos populares sanjoanenses, ornados de capelas de folhagens, marchando em grupos em demanda do milagroso banho, e de volta em animadoras passeatas. É portanto, um folguedo popular em um pequeno povoado. Em Portugal “capela pode ser uma coroa de flores ou folhas. Como na canção a coroa pode ser de cravo, de rosa ou de manjericão. Em Caraúbas “a capela” é uma pequena coroa de flores feitas com flores do melão-são-caetano, que eram usados como ornamento nesses folguedos.

Pela imagem e pelo transcrito, espero que entendam que digo, sim, com carinho, que a capelinha de melão, assim como Desmond Tutu e monsenhor Gaspar Sadock são coisas que eu amaria ver incorporadas ao panteão da minha religião.

Grand Finale (as dicas)

Você, que é católico, ou gosta de trafegar por sínteses vivas, recupere este folguedo: imagine como é fácil comprar um melão, cortar como está indicado na foto, mencionado pelo mestre Cascudo e adornar com o que a música ensina.

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Ah, sim, sempre vou aproveitar deixas como esta para dizer: apesar de altos e baixos de uma obra escrita durante muito tempo (isso se percebe até no humor diferenciado na abordagem de distintos verbetes ) eu não conheço melhor presente que se possa dar, no tocante a cultura brasileira, do que o Dicionário do Folclore Brasileiro.

Quem sabe, eu cato pelo braço mais um baiano que não foi aproveitado pelo governo estadual, Juca Ferreira (sim, o cara vai ser secretário de cultura lá em Belo Horizonte, pelo que se soube esta semana) e o convenço a estabelecer, nas terras das Alterosas, uma homenagem à altura do livro.

Até porque, no Rio Grande do Norte as coisas também não são muito risonhas para o fazer cultural, se dependermos da atual representação política. Para se ter uma ideia, 8 de 8 deputados federais potiguares na atual legislatura são parentes de oligarcas…

 

Texto e pesquisa de Marko Ajdaric.
http://www.facebook.com/marko.ajdaric.79

Material exclusivo do Sindicato dos Médicos da Bahia. Não se autorizam cópias, no todo ou em parte.

 



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