PREVENÇÃO AO SUICÍDIO É AMPLAMENTE DISCUTIDA EM SALVADOR

Postada em 15 de setembro de 2016 as 09:07
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A prevenção ao suicídio foi um dos temas mais discutidos em todo o país durante o mês de setembro, em decorrência da terceira edição da Campanha Setembro Amarelo, realizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e suas federadas. Ações foram realizadas com o intuito de enfrentar o preconceito e estimular o diálogo na sociedade sobre esta doença, que afeta cada vez mais a população, de todas as idades e classes sociais. Em Salvador, o Sindimed foi parceiro da Associação Psiquiátrica da Bahia (APB) e promoveram juntos uma programação intensa com show, mesa redonda, coletiva de imprensa e intervenções urbanas, resultando em um amplo e pioneiro debate sobre o tema na cidade.
 
A campanha nasceu nos Estados Unidos e foi trazida para o Brasil em 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria, Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Centro de Valorização da Vida (CVV), incentivados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para alertar para o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, 10 de Setembro.
 
Segundo a OMS, a cada 40 segundos, no mundo, uma pessoa se mata. No Brasil, 30 pessoas cometem suicídio, todos os dias e as doenças mentais estão associadas a quase 100% dos casos. Entre os jovens, o suicídio já mata mais do que o HIV, e em mais de 90% das ocorrências é possível prevenir. Por isso, o tratamento adequado pode salvar muitas vidas.
 
Destaque na mídia
 
A  psiquiatra Sandra Peu, diretora da APB e coordenadora da campanha em Salvador, defende a necessidade do alerta e de se falar abertamente sobre as formas de prevenção. Segundo a psiquiatra, as estatísticas vêm crescendo em todo o mundo, inclusive entre os mais jovens: “A sociedade tem que quebrar o silêncio e enfrentar o problema de frente. Deixar de falar sobre o assunto só colabora para o distanciamento das pessoas que precisam de ajuda”.
 
Este ano, a campanha em Salvador vem ganhando destaque nas rádios, programas de televisão, sites e jornais impressos. Fato inusitado quando se trata de um tema carregado de tabu. Isso se deveu, de acordo com o presidente do Sindimed, Francisco Magalhães, ao forte empenho das entidades, que trabalharam em parceria, conseguindo sensibilizar artistas baianos e veículos de comunicação, grandes formadores de opinião. “O objetivo foi alcançado. Nós provocamos a discussão sobre o suicídio, e conseguimos informar a população sobre como abordar e tratar esta doença”.
 
As Gordinhas de amarelo
 
As "Meninas do Brasil", mais conhecida como “As Gordinhas”, da artista Eliana Kertész, localizada em Ondina, ficarão vestidas de amarelo durante todo o mês de setembro, como uma das ações de promoção da campanha.
A intervenção, realizada pelo Sindimed, vem chamando a atenção por quem passa pelo local, e foi capa do A Tarde, jornal de grande circulação na Bahia e matéria do Fantástico, programa exibido pela Rede Globo, nacionalmente.
 
Assim como As Gordinhas, o Elevador Lacerda também foi vitrine pela prevenção ao suicídio, sendo iluminado com luz amarela no dia 1º de setembro, abrindo as atividades da campanha em Salvador. A iniciativa foi da APB.
 
Psirico veste a camisa da Campanha
 
No dia 2 de setembro, a Praça Tereza Batista no Pelourinho recebeu o Show Pra Vida, com participação especial do cantor Márcio Victor, do grupo Psirico. Além do Psirico, também vestiram a camisa da campanha, as bandas Esquina de Minas, que faz uma releitura com “sotaque baiano”, das canções do Clube da Esquina e a Levaê, com uma energia jovem, com muito axé music e pop nacional.
 
O Show Pra Vida ocupou a Praça Tereza Batista, no Pelourinho, até depois da meia noite, num clima de campanha que contagiou a todos. O evento, beneficente, arrecadou alimentos não perecíveis,  material de limpeza e de higiene pessoal que foram doados para a Instituição O Bom Samaritano.
 
O médico como vítima do suicídio

No dia 8 de setembro foi a vez de médicos, assistentes sociais, demais profissionais de saúde, e público em geral compartilharem informações a respeito da abordagem e da prevenção ao suicídio. A mesa redonda, realizada no Sindimed, foi transmitida ao vivo pelo site do sindicato e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), e chegou a ser acompanhada por cerca de 300 internautas, que participaram com perguntas e observações. Na mesa esteve presente a presidente da Associação de Psiquiatria da Bahia (APB), Miriam Gorender, a presidente do Sindicato dos Jornalistas (Sinjorba), Marjorie Moura e o diretor da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Fernando Dantas.
 
A mediação ficou por conta do presidente do Sindimed, Francisco Magalhães, que abriu o evento pontuando que a questão do suicídio é ignorada pelo governo, quando não oferece atendimento especializado digno para a população. Magalhães ressaltou ainda a importância social e científica da mesa redonda, e a quase omissão dos órgãos ao tratar sobre o assunto.
 
A ocorrência de suicídio na categoria médica foi destacada na fala da psiquiatra Miriam Gorender. De acordo com a médica, a ideia que se tem de que o médico nunca deve adoecer, e a pressão de curar o paciente exercida sob ele, o afeta negativamente: “O desejo de imortalidade imputado ao médico o adoece”, afirmou. De acordo com pesquisas apresentadas, a depressão sempre esteve na lista das principais causas de morte do médico.   
 
Gorender também detalhou para a plateia como é, geralmente, o comportamento do suicida ao longo da vida e destacou os principais fatores que afetam a sociedade e que contribuem para o aumento do índice de mortalidade por suicídio, como o stress no estilo de vida moderno, o desemprego e a redução no acesso ao tratamento profissional.

Ambiente de trabalho
 
Os casos de suicídio no setor dos bancários, foram bordados por Fernando Dantas, que trouxe dados importantes que comprovam a fragilidade dos trabalhadores. De acordo com Dantas, o estabelecimento de metas, a cada dia mais inatingíveis, a pressão dos clientes para serem atendidos, a perda do emprego e os assaltos aos bancos são fatores preponderantes que vêm justificando casos de suicídio neste setor.

A abordagem jornalística sobre o suicídio na sociedade foi outro aspecto levantado pela mesa, na fala de Marjorie Moura. A jornalista explicou que no jornalismo existem critérios de noticiabilidade que definem o que é, de fato, informação útil à sociedade. “Se você noticiar um caso individual, esta notícia não trará benefício para a sociedade, exceto se estiver envolvendo uma figura pública”, explicou. De acordo com Marjorie, o jornalismo moderno está buscando não noticiar mais as mortes, e sim as suas causas, como prestação de serviço à população.



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