CONSELHO DE SAÚDE SUSPENDE PRIVATIZAÇÃO DO HOSPITAL OCTÁVIO MANGABEIRA

Postada em 15 de dezembro de 2016 as 20:15
Compartilhe:



Pela resolução aprovada, só após consentimento do Conselho Estadual de Saúde, será possível dar seguimento ao projeto

O Conselho Estadual de Saúde deliberou pela suspensão do processo de privatização do Hospital Especializado Octávio Mangabeira (HEOM). A decisão foi tomada em reunião ordinária ocorrida na quinta-feira (15). Na ocasião, o secretário de saúde, Fábio Vilas-Boas, apresentou, pela primeira vez, o projeto de reforma e ampliação do hospital, que passaria a ter uma gestão privada.

Os conselheiros presentes avaliaram que foi uma apresentação inicial, com poucos dados e que o governo precisa trazer mais informações, tendo em vista que o processo de implantação, na prática, já está bastante adiantado. Nesse sentido, foi deliberado pela suspensão do projeto até que uma discussão mais ampliada ocorra no Conselho, a fim de discutir seus diversos aspectos. Entre eles, o número de leitos para tuberculose e patologias pulmonares clínicas, modelo de gestão e destinação do quadro funcional. Pela resolução aprovada, somente após o consentimento do  Conselho Estadual de Saúde, será possível dar seguimento ao projeto.

A reunião contou com a presença maciça dos servidores, que manifestaram repúdio à forma com tem sido conduzido esse processo de privatização – inicialmente desmentido pelo governo -, e pela apreensão dos médicos quanto ao futuro profissional. Os médicos do Hospital Octávio Mangabeira também mostrraram preocupação com os pacientes de tuberculose, principalmente os multiresistentes e os com comorbidade, porque o hospital é o único com condições de atender esse tipo de paciente na Bahia. Citaram que, atualmente, a instituição tem 44 pacientes internados com tuberculose, entretanto, pelo projeto apresentado, só haveria 30 leitos de pneumologia clinica para contemplar todas as patologias, como tuberculose, asma, DPOC e fibrose cística.

O pouco comprometimento com os profissionais ficou claro quando o secretário afirmou que “não importa se o servidor é público ou privado, mas que o que importa é oferecer o serviço”. Para o conselheiro Luiz Américo, vice-presidente do Sindimed, a Sesab precisa respeitar o Conselho Estadual de Saúde, que é a principal instância deliberativa do SUS.  “Esse projeto vinha sendo executado sem nenhuma discussão com o Conselho e com a sociedade civil. Essa resolução tem o objetivo principal de resguardar a prerrogativa constitucional da sociedade atuar na construção de políticas públicas de saúde”, afirmou Luiz Américo, autor da resolução.

O sindicalista questionou também como ficará o serviço de pronto atendimento que atendeu mais de 20.000 pacientes nos últimos 3 anos e estranha o fato da SESAB atrelar a implantação de um serviço de internação domiciliar ao modelo de gestão. "Estas medidas podem e devem ser efetivadas o quanto antes, pois não dependem de mudança de modelo de gestão", finalizou Américo.

MINISTÉRIO PÚBLICO CHEGOU A SER  ACIONADO PELO SINDIMED

O presidente do Sindimed, Dr. Francisco Magalhães, em reunião com os promotores de justiça, Rogério Queiroz, Valmiro Macedo e médicos do hospital, na última quinta-feira (15), pediu ao Ministério Público (MP) que intervisse no projeto, em proteção aos funcionários e pela relevância do hospital para a sociedade baiana.  “Trata-se de um hospital que tem uma relevância social enorme, que tem um perfil de pacientes muito específico. Nenhum hospital na Bahia tem esse tipo de atuação e muitas vezes não tem interesse de dar continuidade ao tratamento de pacientes com essas características. 

Confira a o texto da resolução aprovada pelo Conselho Estadual de Saúde:

Considerando a importância do Hospital Especializado Otávio Mangabeira (HEOM) para o tratamento de doenças crônicas e graves de nosso meio, a exemplo da tuberculose multirresistente e da tuberculose associada a AIDS, patologias com alta prevalência na população socialmente mais vulnerável, perfil este definido através das necessidades da rede de saúde ao longo dos anos.

Considerando a resolução 44/2016  do  Conselho de Gestão das Organizações Sociais (CONGEOS) que aprova a publicização, no âmbito da Secretaria de Saúde, da  gestão do serviço  do Hospital Especializado Otávio Mangabeira. O Conselho Estadual de Saúde no uso de suas atribuições resolve:
 

 – Deliberar pela suspensão ou inicio de qualquer processo de publicização de serviço, mudança de gestão, alteração de perfil de atendimento, alteração do quadro funcional do Hospital Especializado Otávio Mangabeira, até que o mesmo seja discutido em todas as suas dimensões (estrutural, modelo de gestão, quadro funcional) e aprovado por este Conselho.

– Deliberar que a secretaria de saúde envie, de plano, a este conselho qualquer processo administrativo de mudança de gestão e/ou projeto de reforma / ampliação do Hospital Especializado Otávio Mangabeira que esteja em tramitação nesta secretaria, ainda que estejam em fase preliminar de confecção.



Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Seguro Saúde

Vacinação

Perdeu seu posto de trabalho?

COVID-19 EPIs

Denuncie quem não paga:




Acompanhe o Sindimed:

    


  • sindimed.com.br ©2019 Todos os direitos reservados.