MESA REDONDA NO SINDIMED QUEBRA TABU E DISCUTE SUICÍDIO

Postada em 9 de setembro de 2016 as 11:26
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Na noite de ontem, o Sindimed sediou a mesa redonda “Suicídio: como abordar e prevenir”, fazendo parte das ações da Campanha Setembro Amarelo. Médicos, assistentes sociais, entre outros profissionais da área de saúde, e público em geral tiveram a oportunidade de discutir sobre suicídio, tema tão temido e abafado pela sociedade, com especialistas e representantes de categorias afetadas diretamente pelo assunto. A discussão foi transmitida ao vivo pelo site do Sindimed e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), e chegou a ser acompanhada por cerca de 300 internautas, que participaram com perguntas e observações.

O presidente do Sindimed, Francisco Magalhães abriu o evento, pontuando que a questão do suicídio é ignorada pelo governo, quando não oferece atendimento especializado digno para a população. Magalhães ressaltou ainda a importância social e científica da mesa redonda, e a quase omissão dos órgãos ao tratar sobre o assunto.

A ocorrência de suicídio na categoria médica foi destacada na fala da presidente da Associação de Psiquiatria da Bahia (APB), Miriam Gorender. De acordo com a médica, a ideia que se tem de que o médico nunca deve adoecer, e a pressão de curar o paciente exercida sob ele, o afeta negativamente: “O desejo de imortalidade imputado ao médico o adoece”, afirmou. De acordo com pesquisas apresentadas, a depressão sempre esteve na lista das principais causas de morte do médico.   

Gorender também detalhou para a plateia como é, geralmente, o comportamento do suicida ao longo da vida e destacou os principais fatores que afetam a sociedade e que contribuem para o aumento do índice de mortalidade por suicídio, como o stress no estilo de vida moderno, o desemprego e a redução no acesso ao tratamento profissional.

Suicídio no ambiente de trabalho
 


Os problemas na relação de trabalho também foram apontados como fatores que contribuem para casos de suicídio. Em especial o setor dos bancários, abordado na mesa redonda pelo diretor da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Fernando Dantas, que trouxe dados importantes que comprovam a fragilidade dos trabalhadores.

De acordo com Dantas, o suicídio no ambiente de trabalho começa a ter visibilidade na década de 1990. “Com a globalização observa-se a quebra de sociabilização do trabalhador, o aumento do assédio moral por parte da chefia e a disputa entre os colegas”. O estabelecimento de metas, a cada dia mais inatingíveis, a pressão dos clientes para serem atendidos, a perda do emprego e os assaltos aos bancos são fatores preponderantes que vêm justificando casos de suicídio neste setor.

Cobertura da imprensa

A cobertura jornalística da discussão sobre o suicídio na sociedade foi outro aspecto levantado pela mesa, na fala da presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), Marjorie Moura. Ela revela que na maioria das vezes que o repórter vai em busca de informações sobre algum caso de suicídio, estas por sua vez são barradas seja pela polícia, seja pela família.

A jornalista explicou que no jornalismo existem critérios de noticiabilidade que definem o que é, de fato, informação útil à sociedade. “Se você noticiar um caso individual, esta noticia não trará benefício para a sociedade, exceto se estiver envolvendo uma figura pública”, explicou. De acordo com Marjorie, o jornalismo moderno está buscando não noticiar mais as mortes, e sim as suas causas, como prestação de serviço à população.



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